quinta-feira, 30 de outubro de 2014

O homem é escravo de si mesmo? Uma visão existencial.

No Brasil, a escravidão teve início com a produção de açúcar na primeira metade do século XVI, no qual os Portugueses traziam os negros africanos para trabalharem a sua mercê. No entanto, vale perguntar: somos ainda escravos? Sigmund Freud, médico e criador da psicanálise no século XX, tem dito que: "O homem é dono do que cala e escravo do que fala." Todavia, Jean-Paul Sartre, filósofo alemão do século XX tem dito que "somos condenados a sermos livre", ou melhor: "somos condenados a existir."

"A existência precede a essência", deste modo, o que consideramos como de início podemos dizer que esta frase resume toda a teoria existencialista sartreana, pois, para o autor, o homem surge no mundo completamente indefinido, mas alguém poderia argumentar dizendo que há uma essência, pois o homem faz parte da espécie "homo sapiens". Mas perguntamos: isso determina o indivíduo X que acaba de nascer? Essa tal essência que poderia ser alegada por muitos, informa, ou melhor, traz assim como no DNA, todas as informações relativas à vida de X? Deste modo vemos a dificuldade em afirmar que a essência precede a existência, mas vemos uma coerência muito maior na afirmação contrária, onde a existência precede a essência. Melhor dizendo: mesmo que o ser tenha efetivamente algo que o determine, ele não é totalmente determinado, pois ele ainda tem toda a sua vida para ser quem ele quer ser.

Cabe dizer então que "somos escravos de nós mesmos", pois estamos sempre condenados à vida e as escolhas que nos são proporcionadas, não podemos nos esquivar da própria existência que é a vida; e muito menos podemos dizer que já somos efetivamente um ser que contém a sua própria essência, pois nada mais seríamos do que um simples objeto: que já vem pronto e nada precisa fazer para se construir. O homem é uma construção contínua de quem ele vai ser,


Mas, por ser livre, o Para-Si, ao surgir, apenas existe, descobre-se no mundo, vazio, 
uma total indeterminação de si mesmo. No começo, não é nada - apenas uma 
“possibilidade de ser”. A partir dessa pura existência, o homem se faz a si mesmo e 
cria a sua essência. Isso explica o princípio sartreano de que “a existência precede a essência” (PERDIGÃO, 1995, p. 90).

No entanto, na visão de Sartre, o homem nasce sem razão, se prolonga por fraqueza, e morre por acaso. O homem nada mais é do que uma formação contínua do que ele quer ser: e o que ele é hoje, é menos do que ele é amanhã, pois à cada dia somos formados por nossas escolhas em deixar de fazer, ou realmente fazer e dar um sentido à vida e ao momento. Cada momento é único, não devemos desperdiçá-los. Momentos são eternos. O homem é livre para viver, mas é condenado à escolher; logo assim, podemos consolidar que: "o homem é escravo de si mesmo", pois é o único indivíduo que se diferencia do animal simplesmente por ter que escolher entre "ser ou não ser".